terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Seguindo pelo fim ...

" ...Também é um pequeno mundo que acaba quando o relógio do avô quebra engolindo um tempo que não volta mais, quando vendemos nossos brinquedos de infância para um colecionador para pagar a conta do colégio do filho ou quando olhamos para aquele grande amor que agora lê jornal no sofá da sala e já não o reconhecemos. Ou quando é o outro que já não nos reconhece e duvidamos da nossa capacidade de continuar acordando e dormindo sem nos enxergarmos refletidos no olhar daquele que partiu para refletir outras faces. Ou quando descobrimos que o pai da infância não é nem um herói, nem um tirano, mas um homem – ou a mãe é menos sagrada do que nos fizeram acreditar, mas uma mulher cheia de contradições como todas as outras. E ainda não sabemos que estas são boas notícias. É um pequeno mundo que acaba quando ouvimos que a empresa já não precisa de nossos serviços porque há alguém com mais MBAs, mais idiomas, mais juventude e que custa mais barato que nós. É ainda um pequeno mundo que acaba a cada morte de quem amamos, nos deixando às tontas por aí, sem saber como se faz para transformar falta em ausência.A cada um desses pequenos apocalipses temos a chance de recomeçar. Partidos, aos pedaços, às vezes colados como um Frankenstein de filme B. Enquanto o meteoro não chega há sempre um possível que podemos inventar. Se os anúncios de fim do mundo servem para alguma coisa, além de fazer piadas e encher os bolsos de alguns espertos, é para nos lembrar de que o mundo acaba mesmo. Não em apoteose coletiva, com dia e hora determinados, mas na tragédia individual, sem alarde e sem aviso prévio, que desde sempre está marcada na vida de cada um de nós...." Eliane Brum - Época 24/12/2012

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